A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 aconteceu na sexta-feira (25), às 14h30. Com um total de 48 modalidades e diversas subcategorias, como atletismo e natação, uma coisa é certa: não haverá Fórmula 1 ou qualquer outro esporte a motor. Afinal, por que o automobilismo é excluído da competição? A questão tem gerado controvérsia desde 2012.
De acordo com o site olympics.com, a Carta Olímpica afirma que “Esportes, disciplinas ou eventos em que o desempenho depende essencialmente de propulsão mecânica não são aceitáveis”. Em outras palavras, a ideia dos Jogos Olímpicos é promover uma competição entre atletas, não entre máquinas.
Relação entre FIA e COI
Desde 11 de janeiro de 2012, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) é reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como uma federação esportiva. No entanto, mesmo com essa aproximação, a relação entre FIA e COI não começou bem, esfriando qualquer possibilidade de inclusão do automobilismo nas Olimpíadas seguintes: Londres (2012), Rio de Janeiro (2016), Tóquio (2020) — realizada em 2021 devido à pandemia — e agora Paris.
Meses após o reconhecimento, em 8 de julho daquele mesmo ano, às vésperas da Olimpíada de Londres, Jacques Rogge, presidente do COI entre 2001 e 2013, declarou que respeitava muito as corridas de carro, mas elas não deveriam ser incluídas no programa, pois os Jogos são uma competição de atletas. Além disso, Rogge mencionou que o automobilismo poderia trazer problemas de logística durante a competição, que dura menos de um mês. Na época, as declarações não foram bem recebidas pela FIA, então presidida por Jean Todt — cargo que ele ocupou entre 2009 e 2021.
O Que Diz a Carta Olímpica
Há também outra questão que impede qualquer categoria do automobilismo no atual formato da Carta Olímpica. A Regra 52 do documento estabelece que:
“Somente esportes amplamente praticados por homens em pelo menos 75 países e em quatro continentes, e por mulheres em pelo menos 40 países e em três continentes, poderão ser incluídos na programação dos Jogos Olímpicos.”
Embora a FIA divulgue que tem 242 membros de clubes de automobilismo e atua em 147 países, o site lista apenas 33 competições oficiais credenciadas pela federação (incluindo a Fórmula 1).
Automobilismo nas Olimpíadas de 2028?
A discussão sobre a inclusão do automobilismo nas Olimpíadas continua. Havia expectativa de que a modalidade pudesse retornar em 2028, durante os Jogos Olímpicos de Los Angeles. Em outubro do ano passado, houve uma convenção do COI em Mumbai, Índia, para discutir novos esportes.
Muitas modalidades estavam na lista de pré-selecionados, incluindo automobilismo. No entanto, futebol americano, beisebol e softbol, lacrosse e squash foram aprovados. Os formatos de como esses esportes se encaixarão no calendário ainda estão em discussão.
Única Participação do Automobilismo na Olimpíada
O automobilismo participou de uma Olimpíada apenas uma vez, em Paris, em 1900, na segunda edição da era moderna dos Jogos. De 25 a 28 de julho, foi realizada uma prova de 1.347 km, com saída da capital francesa, passagem por Toulouse e retorno a Paris. O Automóvel Clube da França organizou a competição.
O objetivo era mostrar a resistência dos carros em longas distâncias, já que o automóvel havia surgido na França em 1891 com o Peugeot Type 3 Vis-a-Vis. A competição foi dividida em 14 categorias, incluindo carros de seis lugares, vans de entrega e até caminhões. A lista de inscritos era encabeçada pelo fabricante do carro, não pelo motorista.
Poucos registros da prova existem, mas dos 55 competidores, apenas 21 cruzaram a linha de chegada. Curiosamente, Louis Renault, um dos fundadores da Renault, foi o vencedor.
Desde então, o automobilismo nunca mais esteve presente em nenhuma edição dos Jogos Olímpicos.
