O GP da Espanha tradicionalmente não é fruto de grande expectativa de ótimas corridas da Fórmula 1. Pista que todos os pilotos conhecem muito bem e que costuma render provas menos emocionantes que o desejado, é normal que se pense assim. Mas o GP da Espanha de 2022, realizado na manhã deste domingo (22), foi bastante movimentado. Graças às estratégias, erros e o calorão na Catalunha, teve muito a observar. Max Verstappen foi quem riu por último e venceu pela terceira vez seguida na temporada.
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Mas foi com drama. De erro no começo, discussões acaloradas com a equipe, muito tempo trancado atrás de carro mais lento até a troca de estratégia e porta aberta pelo companheiro Sergio Pérez e a vitória. Da forma como for, Verstappen emenda a terceira vitória seguida e quarta em seis corridas na temporada. Agora, é o líder do Campeonato Mundial de Fórmula 1.
Os primeiros movimentos já animaram um pouco. Carlos Sainz ficou para trás de George Russell e Sergio Pérez na largada, enquanto Lewis Hamilton se envolveu num toque com Kevin Magnussen que mandou os dois para a brita e os boxes. Algumas voltas depois, Sainz e Max Verstappen erraram e escaparam sozinhos na curva quatro e perderam colocações. O holandês discutia com a equipe por problemas no DRS, os mesmos que apareceram no sábado e seguia preso atrás de Russell.
Russell fez um trabalho sujo digno dos melhores escudeiros a favor de Leclerc por segurar Verstappen da maneira que fez, mas não serviu de nada. Antes da metade da corrida – uma prova que o monegasco já tinha nas mãos -, o motor Ferrari fracassou. Segundo a equipe, “uma falha não-identificada” no motor. Sem potência, Charles teve de levar o carro de volta para a garagem e abandonar.
Imediatamente, a Red Bull agiu e chamou Verstappen para colocar pneus macios e sair das costas de Russell. Pérez, sim, conseguiu ultrapassar o inglês pouco depois. A prova passava para o controle dos rubro-taurinos. Verstappen andou tudo que podia com os macios e, quando parou, voltou em segundo, 5s atrás do companheiro e com pneus mais novos com 21 voltas pela frente. Tinha condições de ultrapassar normalmente na pista, mas a equipe facilitou as coisas e fez ‘Checo’ abrir caminho. Dobradinha garantida.
Verstappen e Pérez concluíram dobradinha para a Red Bull, enquanto Russell fechou o pódio. Sainz, Hamilton, Valtteri Bottas, Esteban Ocon, Lando Norris, Fernando Alonso e Yuki Tsunoda concluíram o top-10.
O GRANDE PRÊMIO cobre in loco as ações da categoria no Circuito de Barcelona-Catalunha com Eric Calduch. A Fórmula 1 retorna já no próximo fim de semana, entre os dias 27-29 de maio com o GP de Mônaco, nas ruas de Monte Carlo.
Confira como foi o GP da Espanha:
O calor acompanhou todo o fim de semana da Fórmula 1 em Barcelona e não era novidade, visto que a Catalunha vive um pesado veranico, mas o que aconteceu na tarde deste domingo era ainda mais impressionante. A temperatura ambiente era de 35°C e o asfalto batia em 48°C. Um convite para um enorme desgaste dos pneus.
Antes da formação de grid, a Red Bull mexeu muito no carro de Max Verstappen. Após o problema do DRS que custou a chance de última volta rápida na classificação, a equipe ainda tentava garantir que nada parecido custaria caro na corrida. Demorou, mas Verstappen conseguiu formar normalmente no grid dentro da janela exigida.
A largada no calorão teve suas emoções. Charles Leclerc reagiu rapidamente e partiu na frente sem permitir ataque de Verstappen. Carlos Sainz, porém, decepcionou. O piloto da casa prometera ser agressivo na largada, mas saiu mal, perdeu o espaço para George Russell e, enquanto tentava entender o caminho para recuperar, viu Sergio Pérez também passar.
Lewis Hamilton chegou a animar, mas Sainz conseguiu evitar nova ultrapassagem e manter o quinto lugar. Hamilton ficou na linha de fora para contornar a curva dois, mas teve de lidar com Kevin Magnussen fechando bastante para fazer a curva. O toque foi inevitável e mandou Magnussen para a brita, enquanto furou o pneu dianteiro direito de Lewis.
Os dois perderam todo o tempo do mundo e foram aos boxes. Kevin colocou pneus médios, enquanto Hamilton, que largara de médios, colocou macios. Ao sair à pista, disse no rádio que pensaria em abandonar e poupar o motor, mas foi avisado pela Mercedes de que era possível pontuar. “Oitavo lugar ou melhor”, afirmaram. Magnussen chegou a reclamar que a batida fora proposital, mas os comissários entenderam tudo como incidente de corrida.
Corrida que seguia. Mick Schumacher ganharam posições e aparecia em sexto, mas não demorou até que fosse ultrapassado por Valtteri Bottas. Mas o mais impressionante era Esteban Ocon. O piloto da Alpine largou em 12º e começou a dar show: ultrapassagens para cima de Lando Norris, Daniel Ricciardo e Schumacher. As posições se ofereciam a ele.
Mais ainda porque Sainz voltou a dar sopa para o azar. O espanhol não somente largou mal como perdeu o controle do carro na entrada da longa e lenta curva quatro: foi parar na brita e voltou em 11º. Logo em seguida, na 11ª volta, quase o mesmo para Verstappen: escapou assim que entrou na mesma curva e passou, embora sem rodar, na areia. Posições perdidas para Russell e Pérez.
Rapidamente, Pérez abriu caminho para Verstappen já que não conseguia ameaçar Russell. Começou, então, uma saga. O DRS de Verstappen parecia normal inicialmente, mas começou a não conseguir abrir a asa móvel, o que rendia reclamações frustradas. Russell levava a situação conforme era possível, apesar da Mercedes pedir que esfriasse o carro. Sem o DRS, Max estava preso.
Já na volta 13, janela aberta. Norris e Schumacher entraram para trocar os pneus macios pelos médios, mesmo coisa que fez Nicholas Latifi. Em seguida, na volta seguinte, Russell e Verstappen entraram, assim como Ocon. Até então, todo mundo que largara de macios – a esmagadora maioria -, colocava médios.
Antes disso, Sainz fazia o possível para recuperar campo e ultrapassava Norris e Ocon. Bottas, porém, ainda se mantinha na frente do piloto da Ferrari e numa confortável quinta colocação. Para tanto, ultrapassou um Sebastian Vettel que estava por ali antes de parar nos boxes e acabou voltando para o 16º posto mais tarde.
As conversas entre Verstappen e Russell eram cômicas. O holandês conseguiu abrir o DRS no começo da volta 19, algo que fez a Red Bull confirmar que ele tinha conseguido acionar. “Só consegui porque apertei o botão uma porra de 50 vezes”, disse, com palavrão mesmo, um agitado campeão mundial vigente.
A janela de trocas ainda teria a segunda parada de Hamilton e terminaria somente com Leclerc parando na volta 22. Com a ajuda de Russell, que segurava Verstappen, esticou o stint e ainda parou com 27s de frente.
Na volta 24, finalmente Verstappen conseguiu atacar e chegou a passar por um breve instante, mas Russell agiu e deu o ‘xis’. Pérez tinha um DRS que funcionava normal e aproveitou o embalo – e o fato de ter um carro melhor que o da Mercedes – para fazer um pedido ousado para a Red Bull. “Tirem Max da minha frente para eu poder passar Russell”. A equipe só respondeu com um “copiado”.
A corrida estava extremamente favorável a Leclerc. Com o rival preso atrás de um carro mais lento, o pneus bem mais jovens e a possibilidade até de dar um pit-stop a menos, mas aí… A vida aconteceu e o automobilismo aprontou das suas. Era a volta 28 de 66 quando Leclerc pintou mais lento. No rádio, o desespero. “Não, não, não… O que aconteceu agora? Perdi potência”, questionava e avisava. A corrida até então dominada havia acabado. A Ferrari chamou o então líder do campeonato aos boxes e abriu o espaço na garagem. O domingo chegava ao fim para o monegasco.
A briga entre Russell e Verstappen passava a ser pela liderança, mas a Red Bull viu que nada sairia dali e mudou a estratégia: chamou Max novamente para os boxes na curva 30 e colocou mais um jogo de pneus macios para que saísse de trás de George e passasse a entregar voltas de classificação. Pérez se aproximava.
Apesar da movimentação fortíssima nas primeiras posições, tinha uma corrida atrás. Pierre Gasly, sumido ao longo do dia, recebeu punição de 5s por causar uma colisão com Lance Stroll algumas voltas antes. O canadense chegou a rodar, algo que foi o suficiente para que os comissários entrassem em ação.
Depois de Leclerc, o motor Ferrari falharia novamente com Guanyu Zhou e a Alfa Romeo. Assim, o chinês foi o segundo a abandonar a corrida.
Verstappen voava na pista com pneus macios e deixava Bottas para trás, ao passo que Pérez, finalmente, ultrapassava Russell para assumir a liderança do GP da Espanha.
Atrás do top-3, Bottas e Sainz paravam novamente nos boxes para um jogo novo de pneus médios. Ocon ficava na pista um pouco mais, tentando ganhar certa vantagem de pneus mais novos – e talvez sem uma terceira parada. Norris, que vinha na sequência, parou logo antes de Esteban, mas houve um atraso com um dos pneus traseiros presos no pit-stop da McLaren.
Russell parou nos boxes antes de ser ultrapassado por Verstappen na pista, mas as chances de vitória já tinham se esgueirado. Pérez também trocou de pneus em seguida, dando a chance de Max liderar até a inevitável terceira parada. Que veio mais tarde, com 21 giros ainda por fazer, e colocou o holandês na frente de Russell. Pérez liderava por 5s, mas a Red Bull logo avisou que era para abrir a porta e deixar o companheiro passar.
Verstappen tinha pneus mais novos e mais que chance, em tempo tanto, de passar na pista. “É muito injusto, mas ok”, respondeu um insatisfeito mexicano quando o aviso codificado chegou. Não havia o que fazer: Verstappen assumia a liderança.
No restante da corrida, Hamilton e Alexander Albon recebiam bandeira branca e preta por terem desrespeitado os limites da pista muitas vezes. Lewis, aliás, voltou a colocar pneus macios para as voltas finais. E começou a engolir os demais. Ocon, Bottas e até Sainz ficaram para trás. Após o furo de pneus na largada, aparecia no quarto lugar.
Mais gente colocava os macios para o stint final atrás de não ficar para trás e, quem sabe, anotar uma volta mais rápida. Foi o que fez e conseguiu Pérez. Corrida razoavelmente destacada para Alonso, que largou no último lugar e surgia em nono após ultrapassar Schumacher com seis voltas para o final. O alemão seguiria zerado na carreira da F1.
O alívio de Hamilton também não durou muito. Com duas voltas pela frente, o heptacampeão recebeu o aviso de que o carro estava superaquecendo e havia “risco grave” de abandonar a corrida. Assim, devia tirar o pé. Desfilando lento na pista, viu Sainz recuperar o quarto lugar. O aviso de perigo servia também para Russell, mas o inglês não correu riscos com o terceiro lugar.
Verstappen, Pérez, Russell, Sainz, Hamilton, Bottas, Ocon, Norris, Alonso e Tsunoda formaram o top-10. Pérez foi quem teve a melhor volta.
Fórmula 1 2022, GP da Espanha, Barcelona, Corrida:
1 | M VERSTAPPEN | Red Bull | 66 voltas | |
2 | S PÉREZ | Red Bull | +13.072 | |
3 | G RUSSELL | Mercedes | +32.927 | |
4 | C SAINZ | Ferrari | +45.208 | |
5 | L HAMILTON | Mercedes | +54.534 | |
6 | V BOTTAS | Alfa Romeo Ferrari | +59.976 | |
7 | E OCON | Alpine | +74.397 | |
8 | L NORRIS | McLaren Mercedes | +83.235 | |
9 | F ALONSO | Alpine | +1 volta | |
10 | Y TSUNODA | AlphaTauri Honda | +1 volta | |
11 | S VETTEL | Aston Martin Mercedes | +1 volta | |
12 | D RICCIARDO | McLaren Mercedes | +1 volta | |
13 | P GASLY | AlphaTauri Honda | +1 volta | |
14 | M SCHUMACHER | Haas Ferrari | +1 volta | |
15 | L STROLL | Aston Martin Mercedes | +1 volta | |
16 | N LATIFI | Williams Mercedes | +2 voltas | |
17 | K MAGNUSSEN | Haas Ferrari | +2 voltas | |
18 | A ALBON | Williams Mercedes | +2 voltas | |
19 | G ZHOU | Alfa Romeo Ferrari | NC | |
20 | C LECLERC | Ferrari | NC |