O programa de incentivo para a venda de carros novos, patrocinado pelo Governo Federal e lançado em 5 de junho, está aproximadamente na metade de sua duração. Os descontos oferecidos são baseados em créditos tributários com um limite de até R$ 500 milhões.
No entanto, há o risco de que esses créditos se esgotem mais cedo do que se esperava inicialmente. Apenas uma semana após o início do programa e a divulgação dos primeiros carros com desconto, as dez fabricantes de automóveis participantes já solicitaram cerca de R$ 150 milhões em créditos tributários. Isso significa que 30% dos créditos já foram utilizados.
Empresas como Renault, Volkswagen, Toyota, Hyundai, Nissan, Honda, Chevrolet, Fiat/Jeep e Peugeot/Citroën aderiram ao programa e solicitaram o valor máximo permitido de R$ 10 milhões no momento da adesão. No entanto, algumas dessas fabricantes, incluindo Volks, Hyundai, Chevrolet, Fiat/Jeep, Peugeot/Citroën e Renault, já pediram créditos adicionais de mais de R$ 10 milhões.
De acordo com as regras estabelecidas, as fabricantes só podem solicitar novos blocos de R$ 10 milhões quando o bloco anterior for totalmente consumido, até que todo o montante de R$ 500 milhões em créditos seja alocado. Até o momento, não há indícios de que o governo planeje aumentar esse valor, a fim de estender a duração dos descontos.
Os descontos oferecidos variam de R$ 2.000 a R$ 8.000 por carro, dependendo das emissões de poluentes e do nível de nacionalização, e são válidos para 231 versões de 33 carros vendidos no Brasil. Apenas a Honda ainda não divulgou os preços com desconto até o momento.
Como resultado desses incentivos, houve uma corrida às concessionárias, com consumidores buscando aproveitar os descontos antes que os créditos se esgotem.
Os descontos nos preços dos carros novos vão além do valor patrocinado pelo governo. Algumas fabricantes estão aumentando ainda mais o desconto oferecido pelo governo, garantindo que seus carros tenham preços competitivos em relação aos concorrentes.
Os dois carros mais baratos do Brasil, o Renault Kwid e o Fiat Mobi, tiveram uma redução de R$ 10.000 em seus preços de tabela anteriores e agora estão sendo vendidos a partir de R$ 58.990. Esses são os únicos carros que receberam o desconto máximo de R$ 8.000, e as respectivas fabricantes ainda retiraram mais R$ 2.000 do valor.
É importante ressaltar que esses descontos são válidos apenas para carros que custam até R$ 120.000. No entanto, algumas fabricantes estão oferecendo bônus para carros com preços acima desse limite, a fim de não perder vendas.
Essa movimentação no mercado automobilístico não era vista desde antes da pandemia da Covid-19, quando os custos logísticos e de matérias-primas aumentaram drasticamente, impulsionados pela crise dos semicondutores, levando a um quase dobramento do preço dos carros novos.
De acordo com a Fenabrave, a federação das distribuidoras de veículos, algumas concessionárias registraram um aumento de até 260% no movimento nas últimas semanas. A entidade defende um aumento no investimento por parte do Governo Federal, a fim de estender o programa de descontos, pois os efeitos da Medida Provisória mostram claramente como a população estava aguardando por uma oportunidade para adquirir um carro novo.