A BYD (Build Your Dreams) está vivendo um dos capítulos mais marcantes de sua trajetória. A marca chinesa, referência mundial em eletrificação automotiva, produziu seu veículo de número 14 milhões e escolheu o Brasil como palco para esse feito histórico. O marco foi celebrado junto à inauguração oficial da nova fábrica em Camaçari (BA), que promete ser o maior polo de veículos elétricos e híbridos da América Latina.
A unidade baiana nasce em uma área que antes abrigava o complexo da Ford, fechada em 2021. Agora, o espaço renasce com tecnologia de ponta, sustentabilidade e metas audaciosas: capacidade inicial de 150 mil veículos por ano, com possibilidade de atingir 600 mil unidades na segunda fase do projeto.
O investimento total previsto ultrapassa R$ 3 bilhões, incluindo linhas de montagem de automóveis, produção de chassis de ônibus elétricos e fabricação de baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP).

Nova era da mobilidade no Brasil
Segundo Stella Li, vice-presidente global da BYD, “a fábrica brasileira é estratégica não apenas para o país, mas para toda a América Latina”. O objetivo é transformar o Brasil em um centro exportador de veículos elétricos, atendendo também mercados vizinhos como Chile, Colômbia e Argentina.
O primeiro modelo a sair da linha de montagem será o Song Plus DM-i, SUV híbrido plug-in de grande sucesso na China, que combina autonomia elétrica de cerca de 100 km com consumo médio total superior a 25 km/l. Na sequência, a marca prepara o lançamento do Dolphin Mini, elétrico compacto que promete ser o mais acessível do segmento no país.
Sustentabilidade como prioridade
A nova planta em Camaçari adota práticas de produção limpa, com sistema fotovoltaico integrado, reaproveitamento de água da chuva e reciclagem de baterias.
De acordo com a empresa, 70 % da energia usada na linha de montagem virá de fontes renováveis. O projeto prevê ainda a criação de 10 mil empregos diretos e indiretos até 2026, impulsionando a economia local.
Além de investir em infraestrutura, a BYD firmou parcerias com universidades baianas e institutos de pesquisa para formar profissionais especializados em engenharia elétrica, química e automação industrial. A ideia é consolidar um ecossistema de inovação automotiva em torno do complexo.
Competição acirrada
Com o avanço da BYD, o Brasil entra definitivamente no radar global da eletromobilidade. Montadoras tradicionais como Volkswagen, GWM, Caoa Chery e Renault já preparam contraofensivas no setor, com novos híbridos e elétricos nacionais.
Entretanto, a BYD aposta em verticalização e escala — desde a fabricação das células de bateria até o software embarcado — para reduzir custos e acelerar o acesso ao carro elétrico no país.
De acordo com o CEO da operação brasileira, Tyler Li, “o Brasil viverá nos próximos anos uma transformação semelhante à que a China experimentou há uma década. A eletrificação será inevitável, e queremos liderar esse movimento”.
Expansão global e protagonismo asiático
Atualmente, a BYD vende veículos em mais de 70 países e já ultrapassou a Tesla em volume global de vendas de carros elétricos e híbridos plug-in. Só em 2024, a marca comercializou 3,6 milhões de unidades, crescimento de 61 % em relação ao ano anterior.
No Brasil, a BYD pretende chegar a 300 concessionárias até 2026, além de ampliar sua rede de ônibus elétricos e caminhões leves.
O marco dos 14 milhões de veículos simboliza, portanto, não apenas um número — mas o início de uma nova era para o setor automotivo brasileiro.
Ficha técnica – BYD Camaçari
- Local: Camaçari (BA)
- Área total: 4,6 milhões m²
- Capacidade inicial: 150 mil veículos/ano
- Investimento: R$ 3 bilhões
- Empregos diretos e indiretos: 10 mil (estimativa 2026)
- Modelos previstos: Song Plus DM-i, Dolphin Mini e Yuan Plus
- Início da produção: 2025