O cinema raramente faz justiça ao automobilismo. Com exceção de títulos como Rush, Ford vs Ferrari e Grand Prix, os fãs costumam se decepcionar com o que veem nas telonas. Agora, com F1 – O Filme, estrelado por Brad Pitt e produzido por Lewis Hamilton, surge uma nova esperança. Mas será que ele entrega o que promete?
O longa é dirigido por Joseph Kosinski, o mesmo de Top Gun: Maverick e Tron: O Legado. A produção conta com o apoio oficial da Liberty Media, que detém os direitos comerciais da Fórmula 1. Graças a isso, o filme teve acesso exclusivo a carros, circuitos e bastidores da categoria.

Visualmente, o filme é impressionante. As cenas de corrida foram filmadas em pistas reais, como Silverstone, e trazem uma imersão rara. A fotografia, o som e o ritmo são impecáveis. Em vários momentos, o espectador sente como se estivesse no cockpit ao lado de Sonny Hayes (Brad Pitt), piloto veterano da fictícia equipe APX GP.
Além disso, o realismo ganha força com participações especiais. Max Verstappen, Leclerc, Hamilton, Russell, Norris e até chefes de equipe como Toto Wolff, Zak Brown e Frédéric Vasseur aparecem brevemente. Isso reforça a sensação de autenticidade.
A influência de Hamilton é clara. Como produtor, ele ajudou a moldar muitos detalhes. A sede da APX GP, por exemplo, foi inspirada na estrutura real da McLaren. O ambiente nos boxes e o comportamento da equipe são bastante fiéis à realidade da F1.

Mas o enredo não tem a mesma força. A história gira em torno de Sonny Hayes, um ex-piloto que volta à F1 após 30 anos fora das pistas. Ele tenta salvar a pior equipe do grid da falência e ainda serve de mentor para o jovem Joshua Pearce (Damson Idris).
A narrativa segue uma fórmula básica, típica de Hollywood. Temos o chefe animado (Javier Bardem), a engenheira determinada (Kerry Condon), e o companheiro de equipe jovem e arrogante. Nada surpreende. As regras da F1 são tratadas de forma superficial, e os aspectos técnicos quase não aparecem.
Mesmo assim, o filme tem carisma. A trilha sonora mistura Led Zeppelin com Hans Zimmer. O elenco funciona bem, e o ritmo prende o público. As atuações são sólidas, especialmente as de Bardem, Idris e Pitt.

É verdade que há exageros. A ideia de um cinquentão competir de igual para igual na F1 é forçada. Algumas ultrapassagens e disputas de pista também fogem da realidade. Mas o longa nunca quis ser um documentário. Ele se assume como um filme de ação com carros de corrida.
Para os fãs mais exigentes, isso pode incomodar. Já os novatos — especialmente os que conheceram a categoria por meio de Drive to Survive — devem se encantar com o espetáculo. E é justamente esse público que a Fórmula 1 quer atrair.
F1 – O Filme é uma mistura moderna de Top Gun: Maverick com Carros, da Pixar. Há nostalgia, ação e emoção. Não é perfeito, mas cumpre o que promete: divertir, impressionar e aproximar a F1 de um novo público.