A manutenção de veículos híbridos e elétricos vai muito além das revisões tradicionais. Ela exige conhecimento técnico especializado, protocolos de segurança rigorosos e ferramentas específicas, que até pouco tempo atrás eram raridade nas oficinas. Para atender a essa demanda, montadoras vêm investindo na capacitação de profissionais, como mostra a nova unidade da GWM Academy no Senai Ipiranga, em São Paulo (SP) — um espaço de 375 m² totalmente dedicado à formação em eletrificação veicular.
Durante uma aula prática no local, foi possível acompanhar de perto os procedimentos de desmontagem de baterias, diagnósticos de segurança e inspeções estruturais, além de entender como funcionam os motores e geradores elétricos que equipam modelos híbridos plug-in e 100% elétricos.
O desmonte da bateria: etapa crítica da manutenção
Entre as tarefas mais delicadas está a abertura da bateria de tração. No caso observado, a do modelo Ora 03 tem capacidade de 63 kWh e é formada por oito módulos, cada um com dezenas de células de 3,7 volts. Embora considerada de baixa voltagem, a manipulação exige uso de EPIs como capacete, macacão anti-chamas, luvas isolantes de alta tensão, viseira de proteção e ferramentas com revestimento isolante.
Antes de remover a tampa de aço, os técnicos realizam um teste de estanqueidade para detectar possíveis vazamentos e verificar a integridade elétrica. Só após a aprovação é que o barramento que conecta os polos é desacoplado, permitindo manuseio seguro. Na GWM, a política é substituir todo o conjunto em caso de defeitos internos graves, em vez de trocar apenas módulos individuais.
Inspeção após impactos
Outro procedimento importante é a avaliação de danos após colisões. A carcaça da bateria é projetada para resistir a impactos, com camadas de proteção que se deformam de forma controlada. Se houver indícios de comprometimento estrutural ou perda de vedação — o que pode permitir entrada de umidade e causar corrosão — a recomendação é trocar a bateria completa, mesmo que o carro ainda esteja funcionando.
O papel do motor elétrico e do gerador
No conjunto híbrido plug-in do Haval H6 PHEV, por exemplo, três elementos principais trabalham em conjunto: o motor a combustão, o motor elétrico (que move o carro com torque instantâneo) e o gerador elétrico, responsável por recuperar energia durante frenagens e desacelerações.
A coordenação de tudo é feita pela unidade de controle eletrônico, que decide em tempo real quando usar o modo elétrico, híbrido ou apenas combustão, visando eficiência e desempenho. Esse gerenciamento também integra freios regenerativos, controle de tração e resposta do acelerador.
Formação profissional especializada
A GWM já treinou mais de 640 profissionais com diferentes níveis de especialização em eletrificação. A parceria com o Senai Ipiranga deve ampliar o acesso a esses cursos, incluindo turmas abertas para reparadores independentes.
Com a eletrificação crescendo no Brasil, o conhecimento sobre manutenção segura e eficiente desses sistemas se torna um diferencial competitivo e, ao mesmo tempo, um compromisso com a segurança e a longevidade dos veículos.