Honda e Nissan confirmaram oficialmente que estão em negociações avançadas para se unirem em uma nova holding. A Mitsubishi, também envolvida nas conversas, decidirá até o final de janeiro de 2025 se integrará o grupo. Caso concretizada, a fusão formará a terceira maior montadora do mundo, atrás apenas da Toyota e da Volkswagen.
Na manhã desta terça-feira, os CEOs das três fabricantes japonesas se reuniram em Tóquio para uma coletiva de imprensa que oficializou o início das negociações. Uma das condições já definidas é que a Honda será responsável por nomear o CEO do novo conglomerado, além de deter a maior parte do conselho administrativo.
Renault no radar
O cenário é ainda mais complexo devido à relação entre as empresas. A Nissan, maior acionista da Mitsubishi, também possui a Renault como principal investidora. Em comunicado, o grupo francês declarou que analisará suas opções “com base nos melhores interesses do grupo e de seus stakeholders”. A Renault reforçou que o processo ainda está em estágio inicial e que continua comprometida com sua estratégia de alianças.
Economia de escala como principal objetivo
A fusão tem como um de seus objetivos principais a redução de custos através do compartilhamento de plataformas, tecnologia e infraestrutura. Isso inclui desde centros de pesquisa e desenvolvimento até a integração de redes de produção e distribuição. Arquiteturas comuns para motores a combustão, híbridos e elétricos também estão na pauta, além de colaboração em softwares e novas plataformas para veículos elétricos.
A Honda e a Nissan já haviam iniciado em março deste ano uma colaboração para desenvolver uma plataforma de carros elétricos. A Mitsubishi juntou-se ao projeto em agosto, ampliando o alcance das iniciativas.
Situação financeira das fabricantes
Entre as três empresas, a Honda é a que apresenta maior estabilidade financeira, com cerca de 4 milhões de veículos vendidos em 2023. Já a Nissan, que comercializou 3,37 milhões de unidades no mesmo período, enfrenta desafios significativos, incluindo déficits financeiros e reduções de quadro de funcionários. Por sua vez, a Mitsubishi vendeu 1 milhão de carros em 2023 e luta para manter sua relevância no mercado, após já ter sido absorvida pela Aliança Renault-Nissan.
Projeções e desafios
Se apenas Honda e Nissan se unirem, o conglomerado já ocupará a terceira posição no ranking global, superando grandes nomes como Stellantis. Entretanto, o acordo depende de aprovações regulatórias e da concordância dos acionistas. As montadoras destacaram que a conclusão da fusão só será percebida a partir de 2030, devido à complexidade dos ajustes necessários.
O CEO da Honda, Toshihiro Mibe, alertou que ainda existem incertezas no caminho. “A possibilidade de a fusão não se concretizar não é zero”, afirmou. Caso tudo siga conforme planejado, a nova holding deve ser lançada oficialmente em 2026 e listada na Bolsa de Tóquio.
Impactos globais
A fusão também visa preparar as três marcas para desafios futuros, como a aceleração da eletrificação e a crescente competição das montadoras chinesas. Apesar das incertezas, o mercado observa com atenção este movimento que pode redesenhar o mapa da indústria automotiva mundial.
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