Apesar de visual carismático e boa lista de equipamentos, o Fiat 500e segue esquecidíssimo nas concessionárias brasileiras. Desde seu lançamento em 2021, o compacto elétrico acumula vendas tímidas e já soma três anos encalhado no país — mesmo sem cortes no preço e em meio à crescente oferta de elétricos chineses mais baratos.
No site da Fiat, o 500e ainda aparece como disponível, mesmo sendo o modelo 2022. A montadora não esconde: ainda há unidades em estoque, o que mostra que a estratégia de venda pouco mudou, apesar do novo cenário do mercado. Os dados são claros — apenas 58 carros foram emplacados desde 2022, com três registros em 2025 e apenas oito em todo o ano de 2024.
Na prática, o carro nunca chegou a ganhar fôlego comercial. Ele foi oferecido em um número limitado de concessionárias e hoje praticamente desapareceu das vitrines — ao menos entre os modelos 0 km. A alternativa são os usados, que giram em torno dos R$ 130 mil.
Valor alto e concorrência chinesa derrubaram a atratividade
Lançado por R$ 239.990, o 500e teve seu preço reduzido apenas uma vez, para os atuais R$ 214.990. Mesmo assim, o valor continua alto diante de rivais diretos como BYD Dolphin, Renault Kwid E-Tech e GWM Ora 03 — todos menores ou semelhantes em porte, mas bem mais acessíveis.
Na Europa, o cenário também não é animador. Após viver seu pico de popularidade em 2022, o modelo vem perdendo espaço rapidamente. A Fiat agora estuda reintroduzir o 500 com um motor a combustão mild hybrid 1.0 de 12V, numa tentativa de recuperar o apelo com preços mais baixos.
E o carro é bom?
Apesar da baixa aceitação comercial, o 500e não é um mau produto. Pelo contrário: seu motor elétrico entrega 118 cv e 22,4 kgfm de torque, com bateria de 42 kWh que aceita carregamento rápido de até 85 kW (DC) e 11 kW (AC) — capacidades superiores às do BYD Dolphin, por exemplo.
No quesito tecnologia, também não faz feio. Conta com faróis full-led, piloto automático adaptativo, frenagem autônoma, assistente de estacionamento, alerta de ponto cego, carregamento por indução para smartphones e até wi-fi a bordo.
Um bom elétrico, na hora errada
O problema do 500e nunca foi seu desempenho ou equipamentos — e sim sua precificação diante de um mercado que mudou drasticamente em pouco tempo. Os elétricos chineses invadiram o Brasil com força, e o que antes era visto como um diferencial tecnológico hoje é quase padrão entre modelos muito mais baratos.
Se nada mudar, o simpático 500e deve continuar figurando como um elétrico “de vitrine”: bonito, completo, mas cada vez mais distante do público real.